CINE ECO 2006
Bom Cinema e Bom Ambiente. Sempre!
1.
Décima segunda edição do único Festival de Cinema dedicado ao Ambiente que se realiza em Portugal, de forma sistemática e consecutiva. Doze anos de muito trabalho, persistência, dedicação, que transformaram este certame num nome respeitado e consagrado a nível nacional, europeu e mundial. Vamos então ver como se concretizam estas conclusões. Não falamos por falar, gostamos de confirmar o que dizemos. Tudo o que se diz se confirma, não com opiniões, mas com factos. A nós bastam-nos os factos, para confirmar o que dizemos. As opiniões podem ser clarividentes ou cretinas. Não valem o mesmo, mas em democracia, nesta natureza que defendemos e prezamos, tanto zurra um burro como chilreia um passarinho. Depois cada um ouve do que mais gosta, sabendo-se, no entanto, que vozes de burro não chegam ao céu. Ficam onde medram. Aí mesmo. Já os factos são inquestionáveis. Falam por si.
2.
Consagrado a nível nacional
A Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente atribuiu o
PRÉMIO NACIONAL DE AMBIENTE (FERNANDO PEREIRA) 2006
ao CINEECO Festival Internacional de Cinema e Vídeo do Ambiente da Serra da Estrela
Na altura em que soube desta distinção, escrevi no meu blog: “Parabéns a todos o que me têm ajudado a transformar este festival no único festival português de ambiente, com doze anos de idade, e prestígio crescente, quer a nível nacional quer a nível internacional. Parabéns também a todos os que nele acreditaram, e nele colaboraram como criadores de obras a concurso, como jurados, como convidados, como amigos. Parabéns também aos que nunca acreditaram, aos que invejaram e maltrataram, aos “velhos do Restelo” que os há em todas as praias, mesmo onde não há praias, e ainda aos que mesquinhamente tentaram/tentam/tentarão destruir uma obra erguida com abnegação e muito amor: Sem o seu incentivo, tudo teria sido mais difícil. Parabéns aos companheiros de sempre, os presentes, os futuros e a alguns que ficaram pelo caminho. Não os esqueceremos. Obrigado pelas próximas edições, que serão cada vez melhores, e mais inspiradoras. À Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente não agradeço. Julgo que se não merecêssemos, não teríamos ganho. Se ganhámos com merecimento, não agradecemos. Apenas dizemos que o estímulo nos faz crescer, nos responsabiliza mais. Um Prémio Nacional do Ambiente é algo que só acarreta responsabilidades.
(Em nota esclarecedora: A CPADA (Confederação Portuguesa de Associações de Defesa do Ambiente) é a maior organização ambientalista do nosso País, integrando 110 ADA/ONGA (Associações de Defesa do Ambiente/Organizações Não Governamentais de Ambiente) de âmbitos Nacional, Regional e Local, de grande diversidade temática (conservação da natureza, ordenamento do território, património construído, ambiente urbano, transportes alternativos, bem estar animal, agricultura biológica, educação ambiental e actividades específicas, como espeleologia, montanhismo, escutismo e cicloturismo), espalhadas no Continente e Regiões Autónomas, que representam, no seu todo, muitas dezenas de milhar de associados.)
O Prémio foi entregue no dia 28 de Julho de 2006, Dia Nacional da Conservação da Natureza, no Museu da Água, em Lisboa.
3.
Consagrado a nível nacional
Por solicitação de algumas entidades, espalhadas pelo País, têm sido constantes as colaborações do Cine Eco, em Extensões do Festival, Semanas de Ambiente, Dias do Ambiente, para lá de contribuições para Municípios, Escolas e Universidades, através de vários trabalhos de alunos, ou integrando painéis de debates. Muito nos apraz poder ter contribuído, por pouco que seja, para duas causas que tanto nos apaixonam, O cinema e o ambiente. “Bom Cinema e Bom Ambiente” tem sido o lema deste festival. Um Bom Ambiente que se estende igualmente ao prazer de estar entre amigos, o que parece ser uma das características deste gente beirã, que recebe e dá fraternidade, que nos acolhe todos os anos com a mesma amizade com que aqui voltamos.
Este ano, para que se saiba, e até Janeiro de 2007, o Cine Eco tem extensões previstas para Lisboa (Museu da Água), Madeira (Centro de Arte Moderna Casa das Mudas), Açores (Secretaria Regional de Ambiente), Beja e Albufeira (Inatel), Portalegre e Nisa (Cine Clube do Alto Alentejo), Aveiro (Teatro Aveirense). Estão em perspectivas outras extensões. Se contabilizarmos os espectadores, a projecção do nome do Festival e de Seia, seremos seguramente um dos mais influentes festivais portugueses e um dos melhores propagandistas de Seia e da Serra da Estrela.
4.
Consagrado a nível internacional
Já era sabido: o Cine Eco é membro fundador da Associação de Festivais de Cinema de Meio Ambiente (EFFN - Environmental Film Festival Network), de colaboração com o Festival Internacional de Cinema del Medi Ambient, de Sant Feliu de Guixols, Barcelona (Espanha), o Eco Cinema, International Film Festival (Grécia), o Cinemambiente, Environmental Film Festival, de Turim (Itália), a que se acrescentaram mais alguns no último ano, como o festival da República Checa. O que foi novidade neste ano de 2006 foi a criação de um prémio para a Melhor Obra ambientalista do ano, o “Prémio do Festival dos Festivais” (espécie de Óscar da categoria), este ano atribuído em Goiás pela Associação de Festivais de Cinema de Meio Ambiente, com a participação do Cine Eco no seu comité organizador e no Júri Internacional, e que escolheu o título vencedor. Que estará presente a concurso nesta edição do Cine Eco 2006. Acrescente-se ainda que em 2007 será o Cine Eco a albergar a atribuição deste prémio.
Para lá deste facto, o Cine Eco estreita laços de colaboração cada vez mais fecunda e fraterna com o FICA, de Goiás, Brasil (o que permitiu já a criação de uma geminação entre as cidades de Seia e de Goiás), estabelecendo novas parcerias, como com o Festival de Ambiente de Washington, um dos mais prestigiados do mundo, de quem recebemos no ano passado a visita de um dos principais colaboradores como membro do Júri. Além destes novos laços não esquecemos os já existentes com o Vizionária, International Video Festival, de Siena (Itália) e o Wild and Scenic Environmental Film Festival, de Nevada City (EUA).
Este ano, acrescenta-se um facto relevante: por iniciativa do Cine Eco, de colaboração com o FICA de Goiás (Brasil), e o futuro Festival Internacional de Cinema e Vídeo do Ambiente da Cidade do Mindelo (Cabo Verde) vai ser criada uma “Plataforma Atlântica de Festivais de Cinema e Vídeo o Ambiente”, que poderá ter um importante papel na criação e incentivo de relações culturais, cinematográficas e ambientais entre povos de três continentes, sobretudo entre povos irmãos de três continentes.
Cremos que não poderemos aspirar a muito mais, a não ser aspirar sempre a mais e melhor. Tanto mais que onde quer que o nome do Cine Eco seja referido, é referido sempre com admiração e respeito.
5.
Consagrado a nível internacional
No ano passado, o Cine Eco batera todos os records de participação: mais de quatrocentas obras concorreram, cerca de quatro dezenas e meia de países enviaram obras, desde o Irão ao Chile, da Índia os Estados Unidos, da Estónia a África do Sul, passando por quase toda a Europa. Este ano voltámos a andar pelos mesmos números. Dessa cerca de quatro centenas de obras, numa primeira selecção escolheram-se 97 que teriam toda a justificação para integrarem a selecção deste festival. Infelizmente não foi possível incluir todas na selecção e houve que fazer uma segunda selecção, que ainda assim deixa em discussão cerca de seis dezenas de obras, a maior parte das quais premiada nos mais diversos festivais internacionais. Diga-se ainda que Seia tem apresentado em estreia no nosso País, muitas obras que aparecem depois noutros festivais nacionais com grande e merecido destaque (a inversa também é verdade, e achamos muito bem que assim seja: o que é bom deve ser visto pelo maior número possível de espectadores!).
Este ano vamos apresentar obras de cerca de vinte países, depois de termos visto imagens provenientes de mais de quarenta. Alemanha, Brasil, Canadá, Chile, Croácia, Dinamarca, Espanha, EUA, Quénia, França, Holanda, Índia, Inglaterra, Irão, Israel, Itália, Japão, Montenegro, Nova Zelândia, Portugal, Rússia, Inglaterra, Suiça e Venezuela são os 24 países representados a concurso. Podem acreditar que para muitos destes concorrentes, integrar a lista final deste certame é algo realmente prestigiante. Basta ver muitos dos sites das obras e notar o destaque dado a esta presença. O que atesta obviamente uma clara consagração do certame a nível internacional.
6.
Obras a Concurso
Entre os títulos a concurso, contando curtas, médias e longas-metragens, obras de ficção e documentarismo, imagem real e animação, teremos:
ÁGUAS AGITADAS, de Bernardo Ferrão, AINDA HÁ PASTORES?, de Jorge Pelicano, Portugal, THE BAREFOOT RUNNER, de Filipe Y, DA PELE À PEDRA, de Pedro Sena Nunes, DOUTOR ESTRANHO AMOR (ou como aprendi a amar o preservativo), de Leonor Areal, O FOLE – UM OBJECTO DO QUOTIDIANO RURAL, de Carlos Eduardo Viana, LIXO, de Mário Carvalho Gajo, OS 4 ELEMENTOS, de Janek Pfeifer e Joaquim Pavão; RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO DO SADO, de João P. Fernandes, João Dias, Nelson Silva, RUA 15 – SÂO JOÃO, de António Barreira Saraiva, VIDA É MUDANÇA - LIFE IS CHANGE, de Eduardo Morais de Sousa, todos de Portugal.
Do Brasil, outro forte contingente: AVÀ-CANOEIRO, A TEIA DO POVO INVISÍVEL, de Mara Lúcia Alencastro Veiga; BARTÓ, de Luís Botosso e Thiago Veiga; BRASIL e É DA RAIZ, ambos de Ângelo Lima; KIARASA YO SATI, O AMENDOIM DACUTIA, de Komoi Panará e Paturi Panará, MUITCHAREIA, UM PASSEIO PELO SÃO FRANCISCO, de Uliana Duarte, PEIXE FRITO, de Ricardo George de Podestá, O PONTAL DO PARANAPANEMA, de Chico Guariba, O PROFETA DAS ÁGUAS, de Leopoldo Nunes, QUANDO A ECOLOGIA CHEGOU, de Pedro Novaes, e ainda SOS AMAZÓNIA, de Pedro Saldanha Werneck.
Da Alemanha, ATINGIDO! (SHOOT BACK!), de Michael Trabitzsch e Katharina Kiecol, CARPÁTIA, de Andrzej Klamt e Ulrich Rydzewski, CHARLES JENCKS E O SEUI JARDIM DE ESPECULAÇÃO CÓSMICA - NOVOS JARDINS – IM KOSMOS VON CHARLES JENCKS, de Christoph Schuch, H2= UP FOR SALE, de Leslie Franke e Hermann Lorenz e WUTE UND WIEBKE, de Leonore Poth.
De Espanha: O CERCO, de Nacho Martn e Ricardo Iscar, CIDADE DORIDA, de Henrique Rodriguez, FILHOS DA MONTANHA DE PRATA, de Juan S. Batancor, DE PUNA A MANU, MEMÓRIA INCA, de Alfonso Martinez, (Espanha, Peru).
De França: O CAVALO OPERÁRIO, de Alain Marie, FERIDAS ATÓMICAS, de Marc Petitjean,
OS HERDEIROS DO GUARANA, de Denecheau Remi, (França, Brasil), A REVOLUÇÂO DOS CARANGUEJOS, de Arthur de Pins, TESHUMARA, AS GUITARRAS DA REBELIÃO TUAREG, de Jérémie Reichnbach ou OS TOMATES ENFURECEM-SE, de Andréa Bergala.
De Itália: GIOVANNI E O MITO IMPOSSIVEL DAS ARTES VISUAIS, de Ruggero Di Maggio, OURO BRANCO - A VERDADE SOBRE O QUANTO CUSTA O ALGODÃO, de Sam Cole e TERRA EM MOVIMENTO, de Michele Citoni, Ângela Landini, Ettore Sinlschlchi.
Da Nova Zelândia: UMA ALQUIMIA EM VERDE, de Dave Dawson; da Rússia (e Inglaterra), O ATAQUE DO TIGRE de Sasha Snow, da Dinamarca, UM CAMINHO PARA A PARA A PAZ INTERIOR, de Charlotte Rosenberg Ishoy, e NANDINI, de Helle Ryslinge, do Montenegro, FUMO, de LOS LIMULES DE CAPE MAY, de Annie Tellier, e OS REFUGIADOS DO PLANETA AZUL, de Jean-Philippe Duval e Héléne Choquette, da Holanda CONDUZIDO PELO VENTO, de Janna Dekker, e REPRESAS DE AREIA NO KITUI-KITUI SAND DAMS, de Eva Zwart e Hans van Westerlaak; de Inglaterra, DISSOLUÇÂO, de Milesh Bell- Corsia, da Suiça-Finlandia, GAMBIT, de Sabine Giseger, dos EUA, GANGES: RIO PARA O CÉU, de Gayle Ferraro, da Índia, GHARAT, de Pankas Rishi Kumar, da Venezuela, A MINHA HISTÓRIA É A TUA HISTÓRIA, Colectivo, da Suiça, NAKKALA, de Peter Ramseier, do Chile, OVAS DE OURO, de Manuel Gonzales, da Croácia, O PICADOR DE PEDRA, de Branko Istvancic, do Japão, 49, de Ichiro Iwano, e da Hungria, TERRAS SEPARADAS (An Icelandia Saga), de Zoltan Torok.
7.
Secções Paralelas
Outras Terras, Outras Gentes
Mantendo uma tradição que vem desde a sua primeira edição, o “Cine Eco” apresenta uma secção paralela, “Outras Terras, Outras Gentes”, que pretende difundir um cinema alternativo, de origem não muito habitual no nosso país. Este ano a selecção incidiu sobre
A COMÉDIA DO PODER, de Claude Chabrol (França), A LULA E A BALEIA, de Noah Baumbach (EUA), ROMANCE & CIGARROS, de John Torturo (EUA), OS AMANTES REGULARES, de Philippe Garrel (França), MARIA MADALENA, de Abel Ferrara (Itália, EUA), MATCH POINT, de Woody Allen (EUA), VOLTAR, de Pedro Almodovat (Espanha), e SONHAR COM XANGAI, de Xiaoshuai Wang (China).
8.
Cinema e Ambiente
Num festival de Cinema e Ambiente não poderiam faltar as obras que anualmente, no circuito comercial, abordam esta temática. Devemos, no entanto, sublinhar um aspecto curioso que vem demonstrar um interesse crescente por estes problemas, no interior da própria grande indústria cinematográfica mundial. Se há doze anos era difícil encontrar um bom filme abordando temas e situações directamente ligadas com o ambiente, agora encontram-se com facilidade uma dúzia de obras que anualmente se interessam pela temática, desde o documentário politicamente interveniente de Al Gore, até ao filme documentando a vida natural, desde a superprodução fantasista onde a cobiça dos homens põe em causa a harmonia terrestre, até à superprodução histórica que recupera choques de mundos e de mentalidades, através dos quais se prenunciam desastres ambientais e culturais. Isto para não falar de muitos outros títulos, abertamente ambientalistas, que reunimos numa outra secção sobre “Guerras, terrorismos, luta de poder, dólares e petróleo”. Para já, nesta abordagem sobre “Cinema e Ambiente” poderemos ver GENESIS, de Claude Nuridsany, Marie Pérennou (França, Itália), O NOVO MUNDO, de Terence Malick (EUA), A MARCHA DOS PINGUINS, de Luc Jacquet (França), GRIZZLY MAN, de Herner Herzog (EUA), A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS, de Isabel Coixet (Espanha), SUPER-HOMEM: O REGRESSO, de Bryan Singer (EUA), UMA VERDADE INCONVENIENTE, de Davis Guggenheim (EUA).
9.
Guerras, terrorismos, luta de poder, dólares, violência e petróleo
Uma das maiores catástrofes que ameaçam de forma continuada o planeta, é a cobiça, a rapina, a luta pelo poder (quer este seja político, militar, social, mas tendo por base sempre aspectos de ordem económica, com o controle dos campos de petróleo à cabeça). Da guerra convencional ao terrorismo internacional, passando pelas mais diversas e diabólicas formas de violência, tudo se procura justificar, em nome de um Deus, de vários Deuses, da Pátria, da Humanidade, de Valores, da Justiça, para assim se destruir, matar, assassinar, chacinar, escurecer os horizontes com a cinza da poeira radioactiva, das bombas de napalm, da guerra bacteriológica, que as televisões de todo o mundo transmitem em directo, em infra vermelhos, como se de um mortífero jogo vídeo se tratasse. Em nome de Deus ou de Maomé se mata. Filmes como COLISÃO (Crash), de Paul Haggis (EUA, Alemanha, 2004); O PARAÍSO, AGORA (Paradise Now), de Hany Abu-Assad (França, Alemanha, Holanda, Israel, 2005); O FIEL JARDINEIRO (The Constant Gardener), de Fernando Meirelles (Inglaterra, Alemanha, 2005); SYRIANA (Syriana), de Stephen Gaghan (EUA, 2005); MIAMI VICE de Michael Mann (EUA, 2006); VOO 93 (United 93), de Paul Greengrass (EUA, Inglaterra, França, 2006); INFILTRADO (Inside Man) de Spike Lee (EUA, 2006) ou UMA HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA (A History of Violence), de David Cronenberg (EUA, Alemanha, 2005) mostram até que ponto o nosso tempo é mártir, até que ponto se sofre em nome do inominável, do ignominioso. A vergonha do ambiente, quando se luta por um bom ambiente. Por isso aqui fica este ciclo, a lembrar que o cinema não esquece.
Consagrado a nível internacional
No ano passado, o Cine Eco batera todos os records de participação: mais de quatrocentas obras concorreram, cerca de quatro dezenas e meia de países enviaram obras, desde o Irão ao Chile, da Índia os Estados Unidos, da Estónia a África do Sul, passando por quase toda a Europa. Este ano voltámos a andar pelos mesmos números. Dessa cerca de quatro centenas de obras, numa primeira selecção escolheram-se 97 que teriam toda a justificação para integrarem a selecção deste festival. Infelizmente não foi possível incluir todas na selecção e houve que fazer uma segunda selecção, que ainda assim deixa em discussão cerca de seis dezenas de obras, a maior parte das quais premiada nos mais diversos festivais internacionais. Diga-se ainda que Seia tem apresentado em estreia no nosso País, muitas obras que aparecem depois noutros festivais nacionais com grande e merecido destaque (a inversa também é verdade, e achamos muito bem que assim seja: o que é bom deve ser visto pelo maior número possível de espectadores!).
Este ano vamos apresentar obras de cerca de vinte países, depois de termos visto imagens provenientes de mais de quarenta. Alemanha, Brasil, Canadá, Chile, Croácia, Dinamarca, Espanha, EUA, Quénia, França, Holanda, Índia, Inglaterra, Irão, Israel, Itália, Japão, Montenegro, Nova Zelândia, Portugal, Rússia, Inglaterra, Suiça e Venezuela são os 24 países representados a concurso. Podem acreditar que para muitos destes concorrentes, integrar a lista final deste certame é algo realmente prestigiante. Basta ver muitos dos sites das obras e notar o destaque dado a esta presença. O que atesta obviamente uma clara consagração do certame a nível internacional.
6.
Obras a Concurso
Entre os títulos a concurso, contando curtas, médias e longas-metragens, obras de ficção e documentarismo, imagem real e animação, teremos:
ÁGUAS AGITADAS, de Bernardo Ferrão, AINDA HÁ PASTORES?, de Jorge Pelicano, Portugal, THE BAREFOOT RUNNER, de Filipe Y, DA PELE À PEDRA, de Pedro Sena Nunes, DOUTOR ESTRANHO AMOR (ou como aprendi a amar o preservativo), de Leonor Areal, O FOLE – UM OBJECTO DO QUOTIDIANO RURAL, de Carlos Eduardo Viana, LIXO, de Mário Carvalho Gajo, OS 4 ELEMENTOS, de Janek Pfeifer e Joaquim Pavão; RESERVA NATURAL DO ESTUÁRIO DO SADO, de João P. Fernandes, João Dias, Nelson Silva, RUA 15 – SÂO JOÃO, de António Barreira Saraiva, VIDA É MUDANÇA - LIFE IS CHANGE, de Eduardo Morais de Sousa, todos de Portugal.
Do Brasil, outro forte contingente: AVÀ-CANOEIRO, A TEIA DO POVO INVISÍVEL, de Mara Lúcia Alencastro Veiga; BARTÓ, de Luís Botosso e Thiago Veiga; BRASIL e É DA RAIZ, ambos de Ângelo Lima; KIARASA YO SATI, O AMENDOIM DACUTIA, de Komoi Panará e Paturi Panará, MUITCHAREIA, UM PASSEIO PELO SÃO FRANCISCO, de Uliana Duarte, PEIXE FRITO, de Ricardo George de Podestá, O PONTAL DO PARANAPANEMA, de Chico Guariba, O PROFETA DAS ÁGUAS, de Leopoldo Nunes, QUANDO A ECOLOGIA CHEGOU, de Pedro Novaes, e ainda SOS AMAZÓNIA, de Pedro Saldanha Werneck.
Da Alemanha, ATINGIDO! (SHOOT BACK!), de Michael Trabitzsch e Katharina Kiecol, CARPÁTIA, de Andrzej Klamt e Ulrich Rydzewski, CHARLES JENCKS E O SEUI JARDIM DE ESPECULAÇÃO CÓSMICA - NOVOS JARDINS – IM KOSMOS VON CHARLES JENCKS, de Christoph Schuch, H2= UP FOR SALE, de Leslie Franke e Hermann Lorenz e WUTE UND WIEBKE, de Leonore Poth.
De Espanha: O CERCO, de Nacho Martn e Ricardo Iscar, CIDADE DORIDA, de Henrique Rodriguez, FILHOS DA MONTANHA DE PRATA, de Juan S. Batancor, DE PUNA A MANU, MEMÓRIA INCA, de Alfonso Martinez, (Espanha, Peru).
De França: O CAVALO OPERÁRIO, de Alain Marie, FERIDAS ATÓMICAS, de Marc Petitjean,
OS HERDEIROS DO GUARANA, de Denecheau Remi, (França, Brasil), A REVOLUÇÂO DOS CARANGUEJOS, de Arthur de Pins, TESHUMARA, AS GUITARRAS DA REBELIÃO TUAREG, de Jérémie Reichnbach ou OS TOMATES ENFURECEM-SE, de Andréa Bergala.
De Itália: GIOVANNI E O MITO IMPOSSIVEL DAS ARTES VISUAIS, de Ruggero Di Maggio, OURO BRANCO - A VERDADE SOBRE O QUANTO CUSTA O ALGODÃO, de Sam Cole e TERRA EM MOVIMENTO, de Michele Citoni, Ângela Landini, Ettore Sinlschlchi.
Da Nova Zelândia: UMA ALQUIMIA EM VERDE, de Dave Dawson; da Rússia (e Inglaterra), O ATAQUE DO TIGRE de Sasha Snow, da Dinamarca, UM CAMINHO PARA A PARA A PAZ INTERIOR, de Charlotte Rosenberg Ishoy, e NANDINI, de Helle Ryslinge, do Montenegro, FUMO, de LOS LIMULES DE CAPE MAY, de Annie Tellier, e OS REFUGIADOS DO PLANETA AZUL, de Jean-Philippe Duval e Héléne Choquette, da Holanda CONDUZIDO PELO VENTO, de Janna Dekker, e REPRESAS DE AREIA NO KITUI-KITUI SAND DAMS, de Eva Zwart e Hans van Westerlaak; de Inglaterra, DISSOLUÇÂO, de Milesh Bell- Corsia, da Suiça-Finlandia, GAMBIT, de Sabine Giseger, dos EUA, GANGES: RIO PARA O CÉU, de Gayle Ferraro, da Índia, GHARAT, de Pankas Rishi Kumar, da Venezuela, A MINHA HISTÓRIA É A TUA HISTÓRIA, Colectivo, da Suiça, NAKKALA, de Peter Ramseier, do Chile, OVAS DE OURO, de Manuel Gonzales, da Croácia, O PICADOR DE PEDRA, de Branko Istvancic, do Japão, 49, de Ichiro Iwano, e da Hungria, TERRAS SEPARADAS (An Icelandia Saga), de Zoltan Torok.
7.
Secções Paralelas
Outras Terras, Outras Gentes
Mantendo uma tradição que vem desde a sua primeira edição, o “Cine Eco” apresenta uma secção paralela, “Outras Terras, Outras Gentes”, que pretende difundir um cinema alternativo, de origem não muito habitual no nosso país. Este ano a selecção incidiu sobre
A COMÉDIA DO PODER, de Claude Chabrol (França), A LULA E A BALEIA, de Noah Baumbach (EUA), ROMANCE & CIGARROS, de John Torturo (EUA), OS AMANTES REGULARES, de Philippe Garrel (França), MARIA MADALENA, de Abel Ferrara (Itália, EUA), MATCH POINT, de Woody Allen (EUA), VOLTAR, de Pedro Almodovat (Espanha), e SONHAR COM XANGAI, de Xiaoshuai Wang (China).
8.
Cinema e Ambiente
Num festival de Cinema e Ambiente não poderiam faltar as obras que anualmente, no circuito comercial, abordam esta temática. Devemos, no entanto, sublinhar um aspecto curioso que vem demonstrar um interesse crescente por estes problemas, no interior da própria grande indústria cinematográfica mundial. Se há doze anos era difícil encontrar um bom filme abordando temas e situações directamente ligadas com o ambiente, agora encontram-se com facilidade uma dúzia de obras que anualmente se interessam pela temática, desde o documentário politicamente interveniente de Al Gore, até ao filme documentando a vida natural, desde a superprodução fantasista onde a cobiça dos homens põe em causa a harmonia terrestre, até à superprodução histórica que recupera choques de mundos e de mentalidades, através dos quais se prenunciam desastres ambientais e culturais. Isto para não falar de muitos outros títulos, abertamente ambientalistas, que reunimos numa outra secção sobre “Guerras, terrorismos, luta de poder, dólares e petróleo”. Para já, nesta abordagem sobre “Cinema e Ambiente” poderemos ver GENESIS, de Claude Nuridsany, Marie Pérennou (França, Itália), O NOVO MUNDO, de Terence Malick (EUA), A MARCHA DOS PINGUINS, de Luc Jacquet (França), GRIZZLY MAN, de Herner Herzog (EUA), A VIDA SECRETA DAS PALAVRAS, de Isabel Coixet (Espanha), SUPER-HOMEM: O REGRESSO, de Bryan Singer (EUA), UMA VERDADE INCONVENIENTE, de Davis Guggenheim (EUA).
9.
Guerras, terrorismos, luta de poder, dólares, violência e petróleo
Uma das maiores catástrofes que ameaçam de forma continuada o planeta, é a cobiça, a rapina, a luta pelo poder (quer este seja político, militar, social, mas tendo por base sempre aspectos de ordem económica, com o controle dos campos de petróleo à cabeça). Da guerra convencional ao terrorismo internacional, passando pelas mais diversas e diabólicas formas de violência, tudo se procura justificar, em nome de um Deus, de vários Deuses, da Pátria, da Humanidade, de Valores, da Justiça, para assim se destruir, matar, assassinar, chacinar, escurecer os horizontes com a cinza da poeira radioactiva, das bombas de napalm, da guerra bacteriológica, que as televisões de todo o mundo transmitem em directo, em infra vermelhos, como se de um mortífero jogo vídeo se tratasse. Em nome de Deus ou de Maomé se mata. Filmes como COLISÃO (Crash), de Paul Haggis (EUA, Alemanha, 2004); O PARAÍSO, AGORA (Paradise Now), de Hany Abu-Assad (França, Alemanha, Holanda, Israel, 2005); O FIEL JARDINEIRO (The Constant Gardener), de Fernando Meirelles (Inglaterra, Alemanha, 2005); SYRIANA (Syriana), de Stephen Gaghan (EUA, 2005); MIAMI VICE de Michael Mann (EUA, 2006); VOO 93 (United 93), de Paul Greengrass (EUA, Inglaterra, França, 2006); INFILTRADO (Inside Man) de Spike Lee (EUA, 2006) ou UMA HISTÓRIA DE VIOLÊNCIA (A History of Violence), de David Cronenberg (EUA, Alemanha, 2005) mostram até que ponto o nosso tempo é mártir, até que ponto se sofre em nome do inominável, do ignominioso. A vergonha do ambiente, quando se luta por um bom ambiente. Por isso aqui fica este ciclo, a lembrar que o cinema não esquece.
10.
Cinema Português
O cinema português não foi obviamente esquecido, como sempre acontece, sendo projectadas duas das mais interessantes longas-metragens documentais recentemente estreadas em salas portuguesas (para lá de um número muito significativo de curtas, médias e longas metragens documentais que se exibem a concurso). As longas-metragens são OS LISBOETAS, de Sérgio Tréffaut, e DIÁRIOS DA BÓSNIA, de Joaquim Sapinho.
11.
Clássicos
O bom ambiente ganha-se com bom cinema. Bom cinema que os clássicos testemunham de forma brilhante. Três filmes inigualáveis foram escolhidos para representarem épocas de ouro da história do cinema, e de cineastas marcantes: AURORA (Sunrise: A Song of Two Humans), de F.W. Murnau (EUA, 1927); O LEOPARDO (Il Gattopardo), de Luchino Visconti (Itália, França, 1963); PROFISSÃO: REPORTER (Professione: Repórter), de Michelangelo Antonioni (Itália, França, Espanha, EUA, 1975).
12.
Só Animação
Como sempre as crianças não foram esquecidas. Longas-metragens de animação “animam” as manhãs do festival com casas cheias de jovens que, muitas vezes, estreiam aqui as suas idas ao cinema. O CASTELO ANDANTE (Hauru no ugoku shiro), de Hayao Miyazaki (Japão, 2004); A CASA FANTASMA (Monster House), de Gil Kenan (EUA, 2006); PULAR A CERCA (Over the Hedge), de Tim Johnson, Karey Kirkpatrick (EUA, 2006); BAMBI 2 - O GRANDE PRÍNCIPE DA FLORESTA (Bambi II), de Brian Pimental (EUA, 2006) e SELVAGEM (The Wild), de Steve 'Spaz' Williams são as propostas.
13.
Actividades Paralelas
Entre as actividades paralelas previstas para acompanharem o Cine Eco 2006, deve referir-se o concerto de abertura, com Wanda Stuart (acompanhada ao piano por Mário Rui) com base em canções de filmes e de peças de teatro musicais, daquelas que fizeram as delícias de gerações e mantêm a frescura de sempre. Na voz de uma das melhores intérpretes portuguesas deste tipo de música. De notar ainda a exposição de fotografia de José Carlos Calado.
14.
Júris
A todos quantos colaboram nesta edição, o nosso agradecimento muito especial, sobretudo a todos os realizadores e produtores participantes no concurso, bem como os elementos que integram o Júri Internacional e o Júri da Juventude. A Fernando Catarino (Presidente do Júri e nosso especial homenageado este ano), Artur Manuel Freire de Abreu, Florbela Oliveira, Lilly Caneças, Maria Elisa França Rocha, Márcia Guerra, Maria do Rosário Fardilha de Girardier, Panayiotis Sarantopulos, Paula Guedes, Rosa Coutinho Cabral e Violeta Figueiredo, que constituem um júri internacional, diversificado mas integrador na sua luta pelo bom cinema e o bom ambiente, o nosso muito obrigado pela disponibilidade manifestada. Quanto aos jovens que se preparam para integrar os Júris Internacionais do futuro, um forte abraço de amizade que se quer sobretudo um incentivo para as carreiras que nalguns casos iniciam, mas sobretudo para as paixões que os incendeiam já. Não deixem morrer a paixão, qualquer que ela seja. Pelo cinema, pela arte, pela vida, pelo ambiente, pelo amor, pela amizade, pela dignidade humana…
Sem a preciosa presença de todos, esta edição não teria a qualidade e o prestígio que a tornam irrepetível. Como sempre.
Lauro António
(director técnico do Cine Eco)
Cinema Português
O cinema português não foi obviamente esquecido, como sempre acontece, sendo projectadas duas das mais interessantes longas-metragens documentais recentemente estreadas em salas portuguesas (para lá de um número muito significativo de curtas, médias e longas metragens documentais que se exibem a concurso). As longas-metragens são OS LISBOETAS, de Sérgio Tréffaut, e DIÁRIOS DA BÓSNIA, de Joaquim Sapinho.
11.
Clássicos
O bom ambiente ganha-se com bom cinema. Bom cinema que os clássicos testemunham de forma brilhante. Três filmes inigualáveis foram escolhidos para representarem épocas de ouro da história do cinema, e de cineastas marcantes: AURORA (Sunrise: A Song of Two Humans), de F.W. Murnau (EUA, 1927); O LEOPARDO (Il Gattopardo), de Luchino Visconti (Itália, França, 1963); PROFISSÃO: REPORTER (Professione: Repórter), de Michelangelo Antonioni (Itália, França, Espanha, EUA, 1975).
12.
Só Animação
Como sempre as crianças não foram esquecidas. Longas-metragens de animação “animam” as manhãs do festival com casas cheias de jovens que, muitas vezes, estreiam aqui as suas idas ao cinema. O CASTELO ANDANTE (Hauru no ugoku shiro), de Hayao Miyazaki (Japão, 2004); A CASA FANTASMA (Monster House), de Gil Kenan (EUA, 2006); PULAR A CERCA (Over the Hedge), de Tim Johnson, Karey Kirkpatrick (EUA, 2006); BAMBI 2 - O GRANDE PRÍNCIPE DA FLORESTA (Bambi II), de Brian Pimental (EUA, 2006) e SELVAGEM (The Wild), de Steve 'Spaz' Williams são as propostas.
13.
Actividades Paralelas
Entre as actividades paralelas previstas para acompanharem o Cine Eco 2006, deve referir-se o concerto de abertura, com Wanda Stuart (acompanhada ao piano por Mário Rui) com base em canções de filmes e de peças de teatro musicais, daquelas que fizeram as delícias de gerações e mantêm a frescura de sempre. Na voz de uma das melhores intérpretes portuguesas deste tipo de música. De notar ainda a exposição de fotografia de José Carlos Calado.
14.
Júris
A todos quantos colaboram nesta edição, o nosso agradecimento muito especial, sobretudo a todos os realizadores e produtores participantes no concurso, bem como os elementos que integram o Júri Internacional e o Júri da Juventude. A Fernando Catarino (Presidente do Júri e nosso especial homenageado este ano), Artur Manuel Freire de Abreu, Florbela Oliveira, Lilly Caneças, Maria Elisa França Rocha, Márcia Guerra, Maria do Rosário Fardilha de Girardier, Panayiotis Sarantopulos, Paula Guedes, Rosa Coutinho Cabral e Violeta Figueiredo, que constituem um júri internacional, diversificado mas integrador na sua luta pelo bom cinema e o bom ambiente, o nosso muito obrigado pela disponibilidade manifestada. Quanto aos jovens que se preparam para integrar os Júris Internacionais do futuro, um forte abraço de amizade que se quer sobretudo um incentivo para as carreiras que nalguns casos iniciam, mas sobretudo para as paixões que os incendeiam já. Não deixem morrer a paixão, qualquer que ela seja. Pelo cinema, pela arte, pela vida, pelo ambiente, pelo amor, pela amizade, pela dignidade humana…
Sem a preciosa presença de todos, esta edição não teria a qualidade e o prestígio que a tornam irrepetível. Como sempre.
Lauro António
(director técnico do Cine Eco)
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